Grande Futebol
Nemanja Gudelj: uma chegada a Portugal que parecia destinada
2018-08-23 15:30:00
O irmão já por cá andava e a primeira internacionalização foi dada por um histórico do futebol português. Era destino.

2018/19 será ano de reunião familiar em Portugal. Dragisa já por cá andava. Não por Lisboa, mas por Guimarães. Filho de Nebojsa e de Olivera. Uma família de desportistas. Depois da Holanda, os Gudelj passam a ter em Portugal a partir desta temporada uma ligação muito especial. Depois de Dragisa, Nemanja é o novo Gudelj a chegar ao futebol português. O pai nunca por cá andou, mas bem podia. Também ele futebolista, entre 1994 e 1997 ficou perto. Jogou em Espanha. Agora, depois da família Gudelj ter conquistado o futebol holandês chegou a vez de conquistar o futebol português.

Confirmado como reforço do Sporting por parte do Guangzhou Evergrande, clube que representa desde o início deste ano depois de uma passagem pelo Tianjin Teda também da liga chinesa na temporada passada, Nemanja Gudelj conhece em Portugal o terceiro país da sua carreira. Apesar de ter nascido em Belgrado, há 26 anos, foi sempre na Holanda que Gudelj jogou - devido a grande influência do pai que durante oito anos representou clubes holandeses - até à saída para a China ainda antes de atingir o auge etário comum de um futebolista quando aos 25 anos trocou o Ajax pelo Tianjin Teda a troco de cerca de seis milhões de Euros.

Com a saída para a China, Nemanja Gudelj colocou um ponto final a uma ligação da família Gudelj ao futebol holandês que durava desde 1997 quando o pai, Nebojsa Gudelj, se mudou de Leganés para Breda e se juntou ao NAC onde Nemanja começou a carreira, obteve a estreia na equipa principal em 2010/11, e jogou sob a orientação do pai em 2012/13 naquela que foi a sua última temporada ao serviço da equipa de Breda antes de rumar ao AZ por três milhões de Euros e assumir estatuto de culto no futebol holandês.

Nemanja Gudelj passou duas temporadas ao serviço do emblema de Alkmaar, apontando 19 golos e registando 11 assistências em 89 jogos divididos por duas temporadas. Doze desses golos conseguidos na segunda temporada ao serviço do AZ onde se revelou também um líder ao envergar a braçadeira de capitão ao longo de toda a temporada, época em que ajudou o conjunto de Alkmaar a alcançar o quarto lugar na liga holandesa com 11 golos e 3 assistências na competição jogando na posição de médio de transição, vulgo #8, onde diz sentir-se mais confortável a jogar. "Posso jogar a oito ou a seis. Prefiro ser 'box-to-box', mas se o treinador precisar de mim para jogar a seis também posso fazer”, como afirmou hoje à chegada a Lisboa.

A passagem por Alkmaar e a época 2014/15 em particular continua a ser a temporada definidora da carreira de Nemanja Gudelj que hoje, aos 26 anos, regressa ao futebol Europeu. Foi a passagem por Alkmaar que tornou Gudelj num dos médios mais apetecíveis do futebol europeu à altura, multiplicando-se os rumores do interesse de clubes de maior dimensão na sua compra, FC Porto incluído. Gudelj, porém, a troco de seis milhões de Euros acabou por rumar ao Ajax onde permaneceu durante temporada e meia. Pelo histórico emblema de Amesterdão Gudelj efetuou 59 jogos, apontou sete golos e rubricou dez assistências até rumar ao futebol chinês.

Nemanja Gudelj está assim de regresso ao futebol europeu e depois da família Gudelj ter criado uma ligação única ao futebol holandês - Gudelj tem mesmo segunda nacionalidade holandesa - agora é a vez de o repetir em Portugal. Afinal, Gudelj chega agora a um campeonato onde o irmão mais novo, Dragisa, já jogava desde que em junho o jovem lateral esquerdo de 20 anos trocou o FC Wohlen pelo Vitória SC, chegando a Guimarães a custo zero depois de passagens, também, pelas camadas jovens de NAC Breda e Ajax. Dragisa Gudelj que passou a integrar a equipa B do Vitória tendo sido titular, e totalista, nos dois jogos já efetuados pelos vimaranenses na segunda liga portuguesa.

A ligação ao futebol português, ainda que em segundo grau, porém, não é nova. Nemanja Gudelj, internacional pela seleção principal sérvia em 22 ocasiões - conta ainda 17 internacionalizações pelos escalões jovens do seu país -, recebeu a estreia pelo conjunto dos Balcãs em março de 2014 depois de substituir Antonio Rukavina aos 89 minutos de um amigável vencido pela Sérvia por 2-1 em Dublin frente à República da Irlanda. O selecionador sérvio da altura? Ljubinko Drulovic. Esse mesmo, que entre 1992 e 2005, excetuando uma passagem pelo Partizan em 2003/04, construiu toda a carreira na primeira liga portuguesa e se estabeleceu como um dos melhores jogadores estrangeiros que alguma vez passaram pelo futebol português.

Partizan que foi também o clube do pai de Gudelj e pelo qual Nebojsa se sagrou bi campeão jugoslavo nas temporadas 92/93 e 93/94, e pelo qual venceu também a Taça da Jugoslávia em duas ocasiões antes de seguir a carreira na segunda divisão espanhola ao serviço do Logroñes e do Leganés, tendo rumado à Holanda em 1997 para se estabelecer como um ídolo no NAC Breda, clube pelo qual acabou por vencer a segunda divisão holandesa, ainda como jogador, na temporada 1999/2000. Nebojsa Gudelj que pegou mais tarde no NAC Breda já como treinador, entre novembro de 2012 e outubro de 2014, período em que contracenou com o filho na equipa de Breda, acabando por vendê-lo ao AZ no final da primeira temporada que orientou o NAC.

Gudelj regressa assim ao futebol europeu e ingressa num campeonato para o qual parecia destinado com a vinda do irmão mais novo há poucas semanas e pela chegada à seleção sérvia ter sido dada por um histórico da liga portuguesa. Um médio completo que apesar de ter confessado à chegada a Lisboa não estar nas melhores condições físicas não sofre uma lesão grave desde a temporada 2011/12 altura em que perdeu 14 jogos da temporada do NAC devido a uma lesão no menisco. Desde então, em todas as temporadas seguintes, foram menos de uma dezena o número de jogos perdidos por Gudelj devido a problemas físicos, tendo acabado por perder espaço na equipa do Guanghzou Evergrande apenas devido a opções técnicas de Cannavaro que preferiu Paulinho e Talisca após as chegadas dos brasileiros ao clube chinês. Só o tempo dirá se para bem do Sporting.