O selecionador português de sub-21, Rui Jorge, acredita que os futebolistas que vão disputar o Europeu da categoria seguirão as pisadas de atletas anteriormente por si orientados, que atingiram enorme sucesso e compõem a base da formação principal.
“Escolhemos os jogadores que perspetivamos que, em tempos futuros, possam dar mais garantia. Umas vezes acertamos, outras nem tanto, mas o intuito é sempre esse. Acredito que esta geração poderá ter jogadores que, se continuarem a evoluir, poderão ter o seu espaço também na seleção principal”, sublinhou, em entrevista à Lusa, na Cidade do Futebol.
Rui Jorge, a cumprir 10 anos ao comando dos sub-21, recordou que, desde a primeira geração que teve em mãos até à atual, “todas elas tiveram percursos e facilidades diferentes”, cifradas, por exemplo, na criação das equipas B, entre outros fatores “que levaram a que os contextos onde evoluem os tivessem ajudado”.
“Acho que todos os momentos que eles consigam ter de bom nível os ajuda a crescer e a fase final de sub-21 costuma ser um desses espaços, mas tem um impacto diferente para cada um dos jogadores, atendendo às realidades em que estão. Resta-nos tentar, dentro desta parte mínima que é a nossa, ajudar o melhor que conseguirmos”, expressou.
Após vencer os Europeus de sub-17 e sub-19, a geração portuguesa de 1999 chegou agora ao último escalão antes da seleção ‘AA’, onde procura concluir a formação com mais um feito histórico, mas Rui Jorge mostra-se cauteloso, lembrando que é a mesma equipa que, em 2019, não conseguiu ultrapassar a fase de grupos do Mundial de sub-20.
“Os jogadores devem sentir-se mesmo muito orgulhosos daquilo que conseguiram, mas não podem parar e nunca olhar para trás, olhar sempre para o presente e para a frente. Só isso os levará a ter um futuro melhor”, alertou.
Dado o pouco tempo e os moldes em que o Europeu de sub-21 será disputado, na Hungria e Eslovénia, com a fase de grupos a decorrer de 24 a 31 de março e os quartos de final, meias-finais e final entre 31 de maio e 06 de junho, Rui Jorge optou por integrar na convocatória para a primeira ronda praticamente o núcleo duro com que enfrentou a qualificação.
“É diferente podermos ter um jogador, que não esteve connosco nunca, a treinar uma semana e meia antes da prova ou tê-lo dois ou três dias antes de um jogo. É um fator que pesou nas nossas escolhas”, contou, apesar de diferir entre o setor defensivo e o ofensivo.
Para a equipa técnica, “tem um peso mais forte quando se trata de uma linha defensiva, onde o relacionamento com os colegas tem de ser quase perfeito, e é mais penalizador para os jogadores que estavam com possibilidade de entrar” na lista de convocados para a defesa, enquanto, “em termos ofensivos, há outra margem”, que permitiu as estreias dos avançados Francisco Conceição (FC Porto) e Tiago Tomás (Sporting).
“Quando temos de tomar decisões, com certeza não vamos agradar a todos, mas vamos tomar as que achamos que vão beneficiar a equipa. Acredito que estas são aquelas que a equipa pode tirar mais rendimento. Estou confortável com elas. Não quer dizer que não tenha tido dúvidas, que as tive. Não quer dizer que tenha razão, que não sabemos, mas foram as nossas opções”, afirmou.
Admitindo que “custa na parte humana” deixar alguns jogadores de fora, o técnico falou também nos três futebolistas que, tendo idade para disputar o escalão, integram as escolhas de Fernando Santos para a seleção ‘AA’ – Nuno Mendes, Pedro Neto e João Félix -, referindo que, “a partir do momento em que os jogadores têm algum interesse para o selecionador principal, tudo o resto é acessório”.
“Estar agora numa fase final ou num apuramento, para mim não tem muito significado. A prioridade é a seleção principal, é lá que acreditamos que eles crescem mais e melhor e, a partir do momento em que acreditamos nisso e queremos o melhor para os jogadores, não restam dúvidas do caminho a seguir”, vincou.
Portugal vai realizar os três jogos na Eslovénia e estreia-se frente à Croácia, na quinta-feira, às 21:00 locais (20:00 em Lisboa), em Koper, antes de rumar a Ljubljana para defrontar Inglaterra (domingo, às 21:00 locais) e Suíça (31 de março, às 18:00).
A formação de Rui Jorge terá de terminar numa das duas primeiras posições do Grupo D para se qualificar para os ‘quartos’ do Europeu de sub-21, que vai dispersar 16 seleções por quatro grupos e estava inicialmente previsto para ocorrer de 09 a 26 de junho.
Disposto por quatro cidades húngaras e outras tantas eslovenas, o torneio viu o formato ser remodelado devido ao adiamento do Campeonato da Europa sénior de 2020 para 2021, por força das medidas restritivas de combate à pandemia de covid-19.