O futebolista internacional português Cristiano Ronaldo, que trocou os italianos da Juventus pelos ingleses do Manchester United, já fez circular 245 milhões de euros (ME) em quatro transferências nas últimas 20 épocas.
Aos 36 anos, o jogador luso mais laureado de sempre cessou inúmeros rumores sobre o seu futuro com o regresso aos ‘red devils’ 12 anos depois, a troco de uma verba inicial de 15 ME, mais oito em variáveis, prescindindo do último ano de contrato em Turim, onde estava desde 2018/19, oriundo do Real Madrid, e auferia um salário anual de 31 ME.
‘CR7’ continua a ser o terceiro atleta que mais dinheiro movimentou no futebol até hoje, numa lista liderada pelo belga Romelu Lukaku, que valeu 327,56 ME em seis negócios e deixou o Inter Milão este verão para voltar ao campeão europeu Chelsea, por 115 ME.
Essa transferência destronou a ‘estrela’ brasileira Neymar, cuja dupla mudança na sua carreira totalizou um acumulado de 310,2 ME, no qual ressaltam os 222 ME pagos pelo Paris Saint-Germain ao FC Barcelona em 2017/18, na operação mais cara da história.
Descoberto pelo observador Aurélio Pereira na Madeira, onde representou Andorinha e Nacional, Ronaldo ingressou aos 12 anos na formação do Sporting e estreou-se pela equipa principal em 2002/03, abrindo uma carreira repleta de golos, recordes e títulos.
O avançado ganhou uma Supertaça na única época como sénior em Alvalade, onde, então com 18 anos, fascinou Alex Ferguson num jogo particular diante do Manchester United (3-1), em 06 de agosto de 2003, de inauguração do novo estádio dos ‘leões’.
“Disse ao nosso roupeiro, Albert: ‘Vai ao camarote presidencial e diz ao Peter Kenyon [diretor desportivo] para vir cá abaixo ao intervalo’. E apertei com o Peter: ‘Não vamos sair do estádio sem contratar o rapaz.’ ‘É assim tão bom?’, perguntou ele. ‘John O’Shea terminou o jogo com uma enxaqueca’, respondi. 'Assina com ele’”, narrou o histórico treinador escocês dos ‘red devils’ (1986-2013) na sua autobiografia, publicada em 2013.
Identificado um ano antes de rumar ao ‘teatro dos sonhos’, sob conselho do compatriota Carlos Queiroz, então adjunto de Alex Ferguson, o dianteiro foi negociado por 19 ME, conhecendo ainda nos relvados Ole Gunnar Solskjaer, atual treinador do Manchester United, numa altura em que rareavam negócios no futebol avaliados acima dos 50 ME.
O jovem jogador mais caro do futebol inglês à data suplantou as expectativas e venceu três campeonatos, uma Taça de Inglaterra, duas Taças da Liga e uma Supertaça em seis épocas (2003/04 a 2008/09), subindo ao topo com 118 golos em 292 jogos e triunfos na Liga dos Campeões (2007/08), no Mundial de clubes (2008) e na Bola de Ouro (2008).
No verão de 2009, com 24 anos, o ‘capitão’ da seleção nacional viu nos espanhóis do Real Madrid o espaço ideal para as suas ideias de ‘grandeza’ e proporcionou 94 ME aos cofres do Manchester United, protagonizando a transferência e o contrato mais caros do futebol mundial até então e batendo o recorde de assistência no dia da apresentação.
“Estou muito feliz por estar cá. Cumpri o sonho de criança de jogar no Real Madrid. Não esperava que o estádio estivesse cheio só para me ver”, admitiu, em 06 de junho desse ano, em pleno Estádio Santiago Bernabéu, onde deixou em êxtase cerca de 85.000 adeptos ‘merengues’ e entoou o célebre grito de incentivo ‘Hala Madrid’.
Depois de uma tentativa falhada de Ramón Calderón, o reeleito presidente Florentino Pérez ‘selou’ a tão desejada vinda de ‘CR7’, recebido no palco pelos míticos Eusébio e Alfredo Di Stéfano, de quem herdou a camisola ‘nove’ um ano, face ao ‘sete’ de Raúl.
Graças a uma média de golos superior a um por jogo, com 451 tentos em 438 partidas, tornou-se o melhor marcador de sempre do Real Madrid e bateu todos os recordes possíveis em nove épocas (2009/10 a 2017/18), juntando 16 títulos, incluindo duas edições da Liga espanhola e quatro da ‘Champions’ (2013/14 e de 2015/16 a 2017/18).
Verdadeira ‘lenda viva’ da principal competição europeia de clubes, na qual é ‘artilheiro’ (135) e o segundo com mais jogos (180), Cristiano Ronaldo alcançou a ‘mão cheia’ de Bolas de Ouro (2013, 2014, 2016 e 2017) e saiu de Madrid há três anos, reparando na aproximação da Juventus, que despendeu 117 ME, sempre com a ‘orelhuda’ na mira.
“Sei que a Liga dos Campeões é um troféu que todas as equipas querem ganhar. Como disse o meu presidente [Andrea Agnelli], não é uma opção, mas uma das prioridades do clube. Vamos lutar por todos os troféus e ver o que a sorte nos dá”, afiançou em 16 de julho de 2018, com 33 anos, ao ser oficializado num espaço luxuoso do Estádio Allianz.
Apesar da intacta obsessão de marcar a cada jogada, o avançado venceu apenas dois campeonatos, uma Taça de Itália e duas Supertaças, falhando em 2020/21 o 10.º cetro seguido dos ‘bianconeri’, que sofreram para garantir o acesso à ‘Champions’ 2021/22.
A escassa competitividade da Juventus perante outros ‘colossos’ no ataque ao trono europeu incitou o campeão europeu por Portugal em 2016 a agitar a reta final do defeso, optando por voltar, pelo menos, duas épocas a Manchester, onde foi sempre idolatrado e vai amortizar facilmente a nível extradesportivo uma súbita oportunidade de mercado.