No Bancada, temos como hábito não nos focar nas exibições das equipas de arbitragem nas crónicas que escrevemos dos jogos. Contudo, desta vez, é impossível não realçar a influência que o árbitro Gonçalo Martins e o vídeo-árbitro Bruno Esteves tiveram no resultado final do CD Aves-Caldas SC, a primeira mão das meias-finais da Taça de Portugal. Os primodivisionários venceram por 1-0 e foram a melhor equipa em campo, mas o Caldas SC, do terceiro escalão, mostrou que não está entre os quatro melhores conjuntos da prova rainha apenas para participar. O jogo no Campo da Mata, na segunda mão, promete ser muito atraente.
Antes do jogo começar já havia espetáculo. Os cerca de 1500 de adeptos do Caldas SC que viajaram até à Vila das Aves promoveram, juntamente com os aficionados do clube da casa, um ambiente muito bem incorporado na Taça de Portugal. O Caldas SC pegou no enorme apoio que teve e começou o jogo por cima do CD Aves. Logo no primeiro minuto, João Rodrigues - um dos melhores em campo pela capacidade técnica e de visão de jogo que apresentou - deixou Quim em alarme com a bola a passar muito perto da baliza adversária. Pouco depois, aos 5', o veterano Pedro Emanuel também rematou ao lado, mas, mais uma vez, o CD Aves foi ameaçado.
A resposta não tardou e Amilton, aos 10', obrigou Luís Paulo, guarda-redes do Caldas SC, à primeira de várias boas intervenções no decorrer dos 90'. Outra delas aconteceu logo a seguir, desta feita após remate de Vítor Gomes. O melhor momento de Luís Paulo aconteceu aos 24', um minuto depois de Gonçalo Martins ter assinalado pontapé de penálti por alegada mão na bola de Militão. O lance não é claro e deixa algumas dúvidas, mas isso nada importou para o resultado: Paulo Machado, na conversão, rematou para defesa de Luís Paulo.
Mas o CD Aves viria a conquistar outro pontapé de penálti menos de dez minutos depois. Desta vez, foi o vídeo-árbitro Bruno Esteves que alertou Gonçalo Martins para uma falta que Luís Paulo terá feito sobre Derley na área do Caldas SC. O juiz da AF Vila Real foi ver as imagens e considerou que o guarda-redes cometeu uma infração, ainda que tenha cortado a bola antes de derrubar Derley. Nildo Petrolina, a partir da marca dos onze metros, não fez o mesmo que Paulo Machado e marcou golo, ainda que Luís Paulo tenha voltado a adivinhar o lado.
O golo teve impacto na equipa do Caldas SC, que deixou de ser tão perigoso e permitiu ao CD Aves várias saídas em contra-ataque. Numa delas, aos 39', Nildo tentou fazer o chapéu sobre Luís Paulo quando tinha outras opções bem mais válidas, mas a bola acabou por sair por cima. Foi nessa toada que começou a segunda parte, com o CD Aves em clara superioridade na posse de bola e nos ataques perigosos. Luís Paulo defendeu a tentativa de Paulo Machado aos 47' e Arango, que entrou no segundo tempo, atirou às malhas laterais a cerca de meia hora do final.
O controlo do encontro estava do lado dos jogadores de José Mota, técnico que mexeu na equipa com o intuito de colocar mais bolas no fundo das redes do Caldas SC e, dessa forma, resolver a eliminatória, mas não o conseguiu fazer, o que deu a força física que parecia já não existir ao adversário. Nos últimos 15 minutos, o Caldas SC acordou outra vez e voltou a ser um perigo para o CD Aves, avançando algumas vezes para a área avense. Numa delas, o braço de Arango tocou na bola e Gonçalo Martins deixou seguir, parando depois o jogo para ouvir o que Bruno Esteves tinha para dizer. Tudo seguiu e ficou por marcar um pontapé de penálti mais óbvio que os dois que haviam sido assinalados anteriormente a favor do CD Aves.
Até ao final, o maior destaque vai para Luís Paulo, que efetuou mais duas defesas de nível superior àquele em que o Caldas SC joga, uma aos 77' e outra aos 89'. O Caldas SC, mesmo a perder, estava mais satisfeito com o resultado do que o CD Aves, que queria arrumar já com a questão mas não foi capaz. Meia eliminatória já está e o sonho do Caldas SC permanece bem intacto, mas o CD Aves parte em vantagem. Contudo, como costumam cantar os adeptos do Caldas SC, "ninguém passa na Mata"...