Liga 20/21
Rúben Amorim acaba com maldição leonina, 15 treinadores depois
2021-05-20 15:15:00
A longa lista de treinadores que tentaram quebrar o jejum do Sporting

O treinador Rúben Amorim precisou de pouco mais de um ano ao mais alto nível como treinador para fazer do Sporting campeão nacional de futebol, o que os seus 15 antecessores no cargo, muitos deles ilustres, tinham falhado.

Depois da saída do romeno Laszlo Bölöni, o anterior campeão em Alvalade, em 2001/02, desfilaram por Alvalade Jorge Jesus, Jesualdo Ferreira, Paulo Bento, Fernando Santos, José Peseiro, Carlos Carvalhal, Leonardo Jardim, Marco Silva, Domingos Paciência ou Ricardo Sá Pinto, mas nenhum chegou ao título.

Dezanove anos depois, foi Rúben Amorim, campeão por três vezes como jogador do rival Benfica, que, aos 36 anos, apenas na segunda época na I Liga, e primeira completa, logrou acabar com a longo seca de cetros nacionais dos leões.

Contratado a época passada por 10 milhões de euros – preço que posteriormente aumentou – ao SC Braga, numa decisão do presidente Frederico Varandas que causou polémica, Rúben Amorim foi apenas quarto classificado na estreia.

Após oito triunfos e um empate pelos arsenalistas, entre as rondas 15 e 23, subindo a equipa do oitavo para o terceiro lugar, depois de suceder a Sá Pinto, somou seis vitórias, três igualdades e dois desaires pelos leões, em 11 jogos.

Rúben Amorim, que recebeu a equipa de Jorge Silas, conseguiu subir do quarto para o terceiro lugar, que acabou por perder na última ronda, culpa de um desaire por 2-1 com o Benfica, na Luz.

A época 2019/20 não acabou bem, com o técnico a ficar também ligado ao recorde de derrotas do Sporting numa época (17), e a 2020/21 também não teve um início fácil, com a eliminação no ‘play-off’ de acesso à Liga Europa.

Sem a carga dos jogos europeus – as seis jornadas da fase de grupos decorrem num espaço de oito semanas, com jogos de seleções pelo meio –, sem a pressão do público e com os adversários a falhar, o Sporting já era líder à sexta jornada.

Com o ‘3-4-3’ de Amorim a funcionar em pleno, com Coates a liderar a defesa e Pedro Gonçalves a somar golos no ataque, o Sporting não só manteve a liderança, como a foi reforçando, sempre com o técnico a manter o discurso do “jogo a jogo”.

A vantagem chegou a 10 pontos, e foi bem defendida no Dragão (0-0), não se perdendo na totalidade, depois, com uma quebra, e alguma tremedeira, com seis pontos perdidos em quatro jogos, antes do triunfo decisivo em Braga (1-0), com alma.

Amorim só não conseguiu acabar invicto, juntar-se na história a Jimmy Hagan (Benfica, em 1972/73), André Villas-Boas (FC Porto, em 2010/11) e Vítor Pereira (FC Porto, em 2012/13), os únicos campeões sem derrotas do futebol luso, embora em 30 rondas.

No total, o Sporting somou 26 vitórias, sete empates e uma derrota, com 65 golos marcados e 20 sofridos, e o técnico contrariou a história recente dos leões, feita de desilusão atrás de desilusão na principal prova lusa.

Depois do título de 2001/02, ao ‘colo’ dos 42 golos de Mário Jardel, Bölöni não foi feliz na segunda época (terceiro) e cedeu o lugar a Fernando Santos, que não conseguiu repetir em Alvalade, em 2003/04 (terceiro), o cetro conquistado nos ‘dragões’ em 1998/99, que lhe valeu o epíteto de ‘engenheiro do penta’.

Seguiu-se José Peseiro, que esteve muito perto de ser feliz em 2004/05 e ainda deve ter ‘pesadelos’ com a cabeça do benfiquista Luisão, que afastou os leões do título na 33.º e penúltima ronda, quando este já parecia tão perto.

O atual selecionador da Venezuela ainda voltou em 2005/06, mas acabou substituído por Paulo Bento, que fechou essa época e as duas seguintes no segundo lugar do campeonato, sempre atrás do FC Porto. Em 2006/07, lutou até à última ronda.

Em 2009/10, o selecionador sul-coreano voltou a começar a época, mas não a acabou, rendido por Carlos Carvalhal, agora no SC Braga, que acabou a I Liga em quarto. E saiu.

O sucessor, em 2010/11, foi Paulo Sérgio, atual técnico do Portimonense, que só se aguentou meia época, cedendo o lugar a José Couceiro, na altura diretor-geral da SAD leonina, para este terminar no último lugar do pódio.

Foi a vez, então, de Domingos Paciência, vice-campeão com o SC Braga em 2009/10, que só durou meia época, rendido pelo ‘filho da casa’ Ricardo Sá Pinto, que fechou o campeonato de 2011/12 em quarto, mas continuou.

Sá Pinto só durou, porém, quatro jornadas em 2012/13, seguindo-se o belga Frankie Vercauteren e, ainda na primeira volta, Jesualdo Ferreira, tricampeão pelo FC Porto (2006/09), que ficou ligado ao ‘horribilis’ sétimo lugar dos leões.

Para 2013/14, o técnico escolhido foi Leonardo Jardim, que foi segundo e rumou ao Mónaco, sendo substituído por Marco Silva, o treinador que encantara no Estoril Praia (quinto em 2012/13 e quarto em 2013/14) e foi terceiro pelos leões em 2014/15.

Após seis anos de Benfica, e 10 títulos, três deles na I Liga, Jorge Jesus foi a ‘bomba’ de Bruno Carvalho para 2015/16, época em que o Sporting somou 86 pontos, o seu recorde na prova, mas não pôde com os 88 do Benfica, de Rui Vitória.

Nas duas épocas seguintes, Jesus ficou longe do título, no terceiro posto, e, na sequência do ataque dos adeptos ‘leoninos’ à Academia de Alchochete, deixou o clube.

Numa altura de crise intensa, e depois de Bruno de Carvalho - que tinha contratado Sinisa Mihajlovic – ser afastado, voltou Peseiro, mas por pouco tempo, já que o entretanto empossado presidente Frederico Varandas apostou em Marcel Keizer.

O holandês fechou a I Liga 2018/19 no terceiro lugar e iniciou a época passada, mas só durou quatro rondas, seguindo-se Jorge Silas, que se aguentou até à 23.ª jornada, cedendo, então, o lugar a Rúben Amorim. E o resto é história.