Jogo do Povo
Amora. Tudo é sentimento no clube que tem amor no nome
2024-04-17 16:50:00
Entrevista a Filipe Maio, jogador do Amora, da Liga 3

O futebol é capaz de dar as maiores alegrias aos adeptos. Mas o futebol também é tantas vezes responsável por dissabores. Entre a festa e o desânimo há uma curta distância. O inverso também é verdade. É, pois, na certeza de que o jogo é assim, fez-se assim e será assim, salvo grandes mudanças, que a bola é jogada.

O futebol é um desporto tantas vezes desmemoriado. E tanto se é inclemente na derrota após a glória, como a glória rapidamente faz esquecer os males anteriores, mesmo que tenham sido dolorosos. O importante no futebol é viver, é sentir.

Paixão sempre no clube que tem amor no início do nome

Um dos mais célebres poetas portugueses, que tem uma estátua no Chiado, deixou para todo o sempre escrito que há uma necessidade fundamental nas pessoas. 

“Sentir tudo de todas as maneiras, Viver tudo de todos os lados, Ser a mesma coisa de todos os modos possíveis ao mesmo tempo, Realizar em si toda a humanidade de todos os momentos”.

Não consta que um dos mais prestigiados portugueses, Fernando Pessoa (e os seus heterónimos), tivesse especial atenção dedicada ao futebol. Mas as suas palavras servem na perfeição a lógica da bola.

E bem se pode dizer que no futebol a realidade obriga as equipas a estarem sempre preparadas para todas as eventualidades; porque do lado do adepto, eles querem sempre tudo, a todo o momento. A regra é essa. É assim que se vive.

O colete de forças em que as derrotas apertam as equipas pode virar colete salva-vidas para um plantel quando as vitórias aparecem. 

O futebol é sempre vivido e nunca gasto. Porque a cada semana, há sempre algo mais por revelar. E por mais ou menos passado que o clube tenha, o futuro será sempre uma incógnita desafiante. Também está aí a beleza.

O clube destacado nesta edição do Jogo do Povo não é um novato. Pelo contrário. O Amora é um histórico e com o peso do passado que se tenta cimentar no presente e no seu futuro. 

O Jogo do Povo viajou até ao reduto da Medideira para conhecer melhor este emblema da Liga 3. Filipe Maio foi o ‘distribuidor de jogo’ nas palavras sobre o clube que foi treinado por Jorge Jesus entre as épocas de 1989/90 e 1992/93 e esteve três temporadas na Primeira Divisão na década de 80.

O plantel sabe da responsabilidade do emblema que carrega e Maio assume que isso está sempre presente. "O grupo sabe do peso do símbolo que carregamos ao peito e claro que isso implica dar sempre tudo em todos os jogos para respeitar quem trabalha diariamente no clube e quem já passou por ele", reportou o camisola 6 do Amora, um clube que faz do todo a força do hoje e do amanhã.

"A Liga 3 é muito competitiva e com equipas muito equilibradas, o que faz com que o jogo não fique 'preso' e existam jogos muito abertos"

"Não há imprescindíveis no futebol. Mesmo que tenhamos muita versatilidade, nada é certo. E todas as semanas temos de nos provar a nós mesmos e aos outros aquilo que valemos", afiançou Filipe Maio.

A competir num dos escalões mais entusiasmantes do futebol nacional, o Amora procura a manutenção e Maio sabe do tamanho da missão que o grupo tem pela frente.

"A Liga 3 é muito competitiva e com equipas muito equilibradas, o que faz com que o jogo não fique 'preso' e existam jogos muito abertos", declarou o jogador, falando de uma prova onde reina a "qualidade".

"É uma Liga com muita visibilidade e que promove a qualidade coletiva e individual dos jogadores", destacou ainda o jogador do Amora que tem aprendido várias lições na escola da bola.

O amigo Leão desfila na passadeira de Milão

"Uma das lições mais importantes é que tal como o futebol, a vida não nos dá nada sem trabalho. Mesmo que as coisas não estejam a correr bem, com consistência e trabalho árduo acabamos por, mais tarde ou mais cedo, ter o retorno delas", especificou Maio, que sonha cruzar-se novamente nos relvados com o amigo Rafael Leão, por estes dias figura do poderoso AC Milan.

"Gostava muito de voltar a encontrar-me com o Rafael Leão, é atualmente um dos melhores do mundo. Já tive a possibilidade de jogar com ele na formação do Sporting e acho que seria muito interessante voltarmos a encontrar-nos", aludiu Filipe Maio, que vive exclusivamente a profissão de jogador de futebol atualmente.

Mas Filipe Maio tal como o plantel do Amora sabem que o que os adeptos querem é exclusividade no foco, na determinação e na entrega para que os objetivos sejam alcançados.

Só assim a felicidade estará mais perto. Sempre com a certeza de que a perder ou a ganhar, o futebol é desmemoriado. Porventura ainda bem. A cada nova época, novo horizonte se renova. O que nunca deixa de estar é o amor à bola, sobretudo num clube que tem amor no nome. Tudo é sentimento no futebol. No Amora é essa a filosofia. A ganhar ou a perder. Porque o futebol é para ser vivido. E sentido.