A dimensão europeia do Benfica é cada vez mais uma miragem no panorama do futebol atual. Um dos principais culpados dessa situação é Rui Vitória, que demonstra uma tremenda incapacidade para conseguir rivalizar contra os principais adversários na Liga dos Campeões. Na terça-feira, diante do Ajax, ficou novamente provada a pacatez destas águias em jogos a doer e logo frente a um oponente direto na luta pela passagem aos oitavos de final. Em outubro de 2015, Luís Filipe Vieira, presidente dos encarnados, dizia que apostou em Rui Vitória convicto de que tem agora “um treinador que assume a dimensão europeia do Benfica”. Ora, a queda para o 21.º lugar no ranking da UEFA comprova precisamente o contrário.
Sim, é verdade. Quando Rui Vitória pegou no comando técnico do emblema da Luz, em 2015/16, o clube estava na sexta posição da tabela de clubes da UEFA. Três temporadas e mais uns meses depois, as águias caíram para 21.º, com base no que diz o site do organismo que rege o futebol europeu. Essa responsabilidade está assente nos resultados negativos obtidos pelos encarnados na era de Rui Vitória em termos de competições europeias. Em 31 encontros realizados na Champions sob o comando do atual técnico, o Benfica saiu derrotado por 14 ocasiões. Aliás, é no tempo mais recente que se encontra o principal problema, pois oito desses 14 desaires tiveram lugar entre a época passada (seis derrotas) e esta (dois desaires).
O que se passa, então, com o Benfica na Europa? A verdade é que diante do Ajax a equipa encarnada não esteve nada mal, até foi superior em grande parte do jogo. No entanto, a falta de eficácia demonstrada no ataque, aliada a desconcentrações defensivas em momentos capitais da partida fizeram com que as águias saíssem de Amesterdão sem qualquer ponto, isto com um golo sofrido em plenos 90+2’. Esses são, de facto, dois fatores que acabam por ser fatais na prova milionária. Em compromissos deste calibre, não é possível desperdiçar oportunidades de golo em frente à baliza adversária como o Benfica tem feito, nem se podem permitir erros defensivos como aquele que Conti cometeu na terceira jornada da Champions. A falta de capacidade de Rui Vitória para mexer com o jogo (foi percetível que o empate não era nada mau na mentalidade do técnico...) e lançar em campo as peças certas também saltou à vista. O treinador tirou Pizzi de campo apenas aos 79 minutos, quando se viu que o médio estava em sub-rendimento desde a hora de jogo e ainda substituiu Rafa, um dos melhores em campo, quando o deveria ter feito com Salvio muito antes.
Ninguém está aqui a tirar mérito àquilo que Rui Vitória tem feito no Benfica. Os dois campeonatos que tem no palmarés, assim como outras conquistas de títulos, mostram o trabalho que tem realizado nas águias e o lançamento de jovens (esta época, com os exemplos de Gedson Fernandes e João Félix) da formação também merece ser assinalado, tendo sido esse um dos pilares pelos quais Luís Filipe Vieira apostou nele. No entanto, um clube que luta pelo título de campeão nacional e com a história que o Benfica já teve nas competições europeias tem de pedir mais no trajeto na Liga dos Campeões. Esta temporada, a passagem aos oitavos de final é cada vez mais uma miragem, pois são já quatro os pontos de distância para Ajax e Bayern Munique, e avista-se uma queda para a Liga Europa. Certamente, não era esta a “dimensão europeia” a que o presidente das águias se referia há três anos atrás.