O Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol decidiu arquivar o processo relativo à criança benfiquista que, em setembro, foi obrigada a assistir a um jogo do clube da Luz em Famalicão sem a camisola do emblema encarnado, num processo que motivou muitos reparos e opiniões, na altura, chegando mesmo a ser questionado o caso nas instâncias políticas, e não só.

Apesar disso, o caso fica agora arquivado por decisão do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol, uma vez que este organismo federativo diz que se deve considerar que "as diligências realizadas não permitiram colher indícios de qualquer ilícito disciplinar".

O Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol sustenta também no comunicado que "das imagens não resulta que houve intervenção dos ARD's [assistentes de recinto desportivo] na retirada da camisola à criança".

Assim e a somar a isso, explica o Conselho de Disciplina que se toma esta decisão de arquivamento porque "a exclusão das camisolas clubísticas do conceito de 'adereços' só foi esclarecida através de nota informativa posterior à ocorrência dos factos".

O caso fica agora arquivado, depois de ter feito 'correr muita tinta' na altura. Recorde-se que aquando da visita do Benfica a Famalicão, em jogo do campeonato, uma criança foi obrigada a despir a camisola do Benfica para continuar a assistir ao jogo.

Tudo aconteceu uma vez que a criança e o pai tinham bilhetes para uma bancada destinada aos adeptos da casa e os elementos da segurança entenderam que o menino não deveria estar vestido com a camisola do Benfica naquele local, já que era destinado a adeptos famalicenses.

O caso motivou a tomada de posições públicas de Pedro Proença, presidente da Liga, e até do secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia. 

"Esta criança foi vítima de intolerância implacável num estádio de futebol por parte de representantes do promotor do jogo. Foi ainda submetida à indignidade de ficar semi-despida para que pudesse continuar a assistir ao jogo", disse o secretário de Estado.

João Paulo Correia indicou ainda, na altura, que aquele "incidente impõe o maior protesto". "As entidades envolvidas têm de prestar esclarecimentos pelo sucedido", desafiou o secretário de Estado.

Tarde de calor e menino sem camisola a ver o Famalicão-Benfica

Na altura verificavam-se altas temperaturas e o menino acabou por assistir sem camisola à vitória do Benfica em Famalicão. No final do encontro, o Benfica emitiu um comunicado a manifestar a sua revolta com este caso.

O emblema liderado por Rui Costa falou, na ocasião, de uma vitória "difícil" que ficou marcada num jogo por um episódio "grotesco". "Vitória difícil, mas consistente, é o que se retira da deslocação ao reduto do Famalicão. E há a lamentar mais um episódio grotesco do futebol português".

O Benfica lamentou "que num futebol que se quer cada vez mais inclusivo, capaz de trazer cada vez mais famílias para os jogos, adeptos com camisolas do Benfica, incluindo crianças, tenham sido obrigados a despi-las para poderem assistir ao jogo Famalicão-Benfica".