Portugal
"Pensavam que sem imagens o árbitro tinha de manter a decisão"
2023-09-05 11:55:00
"Pedir a anulação sabendo que era um penálti inventado? Há que ter vergonha na cara", diz ex-jogador Diogo Luís

Miguel Nogueira, árbitro do último FC Porto-Arouca, assinalou penálti sobre Taremi, no período de descontos, quando os dragões perdiam por 1-0 contra os arouquenses. Chamado pelo VAR, o árbitro deslocou-se junto do monitor mas este não tinha energia elétrica, de acordo com o que já divulgou o Conselho de Arbitragem, justificando que, seguindo o protocolo previsto, o árbitro comunicou com a Cidade do Futebol via telemóvel. Na sequência dessa conversa, Miguel Nogueira reverteu a decisão e anulou o penálti por entender a equipa de arbitragem que Taremi simulou dentro da grande área.

O que se seguiu foi um conjunto de comunicados do FC Porto, do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol e até da Altice, empresa responsável pelos meios tecnológicos do VAR, em Portugal. Benfica e Sporting também já exigiram explicações para este caso e para os 23 minutos de tempo de descontos da partida que terminou empatada a uma bola.

Para Diogo Luís, é importante perceber o porquê de o sistema de VAR estar sem energia no Estádio do Dragão. "Isto é fácil de controlar e é só ver se a ficha está ativa ou não está ativa", começou por dizer o ex-futebolista, destacando que este caso acabou por acontecer num jogo que está "difícil" de resolver.

"Azar dos azares e coincidência das coincidências foi calhar aos 0,2 por cento num jogo que teve 23 minutos de tempo extra, num jogo que estava difícil, numa decisão, num penálti muito duvidoso", referiu o antigo jogador, em declarações na CNN Portugal.

Por outro lado, Diogo Luís diz que muita gente, porventura, acreditaria que, sem recurso às imagens no monitor, o árbitro iria manter a decisão tomada em campo.

"Muitas pessoas pensavam, inclusive eu, que se não houvessem imagens o árbitro tinha que manter a sua decisão e que não podia falar ao telefone pelo equipamento com o videoarbitro e reverter a decisão", vincou Diogo Luís, prosseguindo a sua ideia.

"E o que é estranho é que aquilo aconteceu e aparentemente a decisão mantém-se e é penálti quando não era", sustentou ainda o seu comentário.

"Não sei se isto foi premeditado ou não, se correu mal a alguém ou não"

Ainda que não possa dizer se aquela falha de energia no sistema de VAR do Estádio do Dragão foi "premeditado ou não", Diogo Luís diz que a "verdade desportiva imperou", visto que, na sua ótica, não era razão para assinalar penálti sobre Taremi.

"Não sei se isto foi premeditado ou não, se correu mal a alguém ou não, a verdade é que no limite imperou a verdade desportiva e dentro das leis que é melhor", disse Diogo Luís, apelando aos árbitros para terem "personalidade" quando apitam jogos.

"Os árbitros têm que ter mais personalidade e não ceder à pressão. Se fosse no campo do Portimonense, se fosse no campo do Rio Ave, no Chaves, este árbitro não marcava este penálti porque é claro que não é penálti, não há dúvidas nenhumas", comentou Diogo Luís, recordando palavras recentes do portista Gonçalo Borges que, em Vila do Conde, caiu na área do Rio Ave, nos descontos, num jogo em que os dragões também entraram para a compensação a perder.

"O Gonçalo Borges disse que dentro da área já sabemos como é"

"O Gonçalo Borges disse que dentro da área já sabemos como é. Não pode acontecer isto. Em Inglaterra num toque não sabemos como é. Pode ser ou não ser. Em Portugal, nós já sabemos que é."

Em seguida, Diogo Luís lamentou ainda que o FC Porto tenha feito um pedido para a repetição do jogo tendo por base este caso da falha de energia.

"O desporto é ética, o desporto é fair-play. Duvido que algum clube em Inglaterra fizesse isto. Pedir a anulação sabendo que não tinha razão? Sabendo que era um penálti inventado? Há que ter vergonha na cara", concluiu o ex-futebolista.