Prolongamento
"Sem a necessidade da vénia do último passe a Ronaldo, jogadores soltam-se"
2023-09-12 21:40:00
"A qualidade dos jogadores é tanta que merece outro respeito", defende Luís Freitas Lobo em comentário no jornal O Jogo

"E de repente o talento e a criatividade da seleção portuguesa soltaram-se. E penso que não foi por acaso", começa por dizer o comentador Luís Freitas Lobo, numa análise à goleada da seleção diante do Luxemburgo.

Portugal venceu por 9-0, em jogo de apuramento para o Europeu, e reescreveu os arquivos, com a maior goleada de sempre em jogos oficiais. E nesse jogo ficou de fora aquela que é considerada (certamente sem consenso) a maior figura de sempre na história do futebol português: Cristiano Ronaldo. 

Luís Freitas Lobo não acredita em coincidências. E depois de uma avaliação tática ao jogo, aborda a ausência do capitão, de fora por castigo, após ter visto o quinto amarelo no encontro com a Eslováquia, em Bratislava. 

Cristiano Ronaldo, que marcou cinco golos em igual número de jogos na fase de apuramento para o próximo Europeu, regressou mais cedo à Arábia e deixou que outras estrelas brilhassem, num jogo com 9 golos e três jogadores a bisarem.

"Em 4x4x2, contra o Luxemburgo, jogámos de forma solta, criativa e com muita qualidade. Jogámos também sem Ronaldo na frente de ataque. Não quer dizer que a seleção seja melhor sem Ronaldo, mas acho que os jogadores, sem a necessidade de fazerem a vénia do último passe a Ronaldo, soltam-se de forma diferente", resumiu, àquele diário desportivo.

"Foi bonito ver a dupla Jota e Gonçalo Ramos na frente de ataque. Foi bonito ver a criatividade de Bernardo Silva e a qualidade de passe de um grande jogador como Bruno Fernandes. Penso que é este o caminho para nos fazer vibrar novamente com a seleção", assinalou ainda.

"Ganhar ou perder é outra questão. O que está em causa é criar um estilo de jogo que nos faça brilhar, empolgar com a seleção. E acho que estes dois fatores - mudança de sistema e não ter Ronaldo - soltaram a equipa, claramente", refere Luís Freitas Lobo. 

"Tem sido um suplício, um martírio, ver jogar a seleção"

A goleada imposta ao Luxemburgo marca, desse ponto de vista, um momento de viragem na equipa orientada pelo espanhol Roberto Martínez. O martírio deu lugar ao sorriso aberto. E a omnipresença de Ronaldo, bem como a rigidez tática, ajudam a compreender essa viragem. 

"Haverá jogos em que será útil jogar com Ronaldo, haverá jogos em que será útil jogar com três centrais. Por sistema, por opção preferencial, penso que nenhuma das situações é ideal, atualmente. Claro que o adversário era fácil, mas mesmo com adversários fáceis tem sido um suplício, um martírio, ver jogar a seleção. Mesmo ganhando, tem sido um fado triste com vitória", realça.

O triunfo de ontem, desse modo, trouxe um dado novo: uma grande exibição da equipa das quinas. "Uma vitória alegre frente a um adversário que já nem conseguia respirar. A qualidade dos nossos jogadores é tanta que merece outro respeito, por parte de quem dirige a seleção e por parte de quem tem de colocar em prática um sistema que a favoreça. É este o caminho, um futebol de sorriso aberto", conclui.